O cinzento do inverno traz-me o frio e o nevoeiro, pelos quais me deixo envolver, em silêncio, de frente para o mar, numa praia deserta.
Consigo ficar a sós com os meus pensamentos. Consigo abandonar vontades. Sem perspectivas e sem relatividades.
Reconhecer a fraqueza de sentir o profundo desejo que todas as palavras por traz do meu silêncio fossem adivinhadas, percebidas, entendidas…sem ter de as pronunciar.
A realidade, limitada e condicionada, pelas escolhas que se fazem e se aceitam. Parece-me muito dura, muito rígida. Tanto que por vezes, desistimos. E talvez por isso, lutamos.
Penso nos olhares que se cruzam com o meu. Na forma como nos afectamos, como nos percebemos, como desejamos, como fugimos… como nos perdemos.
Acordada, de olhos bem abertos, sonho com um sonho que não alcanço. Que se dissipa no denso nevoeiro da vida.
Atenta, aos sinais que percebo, sigo o único caminho possível. Que percorro, apaixonadamente. Intensamente… Em frente!