07 abril, 2008

à contra-luz


Observo-me à contra luz. Para perceber as minhas sombras, os contornos de mim.
Difusos e confusos. Em contraste com um poderoso fundo, bem defenido.
Os meus traços, projectam-se muito para alem de mim e do meu entendimento.
Percebo-me espectadora atenta de emoções. Fortes e suaves, muito leves, por vezes quase impreceptiveis. Fazem parte do viver e do querer. Observo-me à contra luz. Fecho os olhos com muita força. Volto a abrir-los, deparo-me com uma intensa claridade.
O que me define é para mim um mistério que apenas procuro entender. Não o resolverei, porque não sei o significado do definitivo eu. Apenas reconheço o contorno.
Em permanente procura, desligo-me de memórias antigas, de pessoas a quem amei, porque sei que sofrerei menos, deixando-as ir do que tentar recuperar o que não pode ser recuperado.
Na contra luz, percebo a sombra de uma armadura de aço. Que não tenho estrutura para usar...

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