06 novembro, 2009

realidade

Vivemos no tempo da omissão. Desenvolveu-se uma estranha consciência de que isso não é dissimulação. É apenas omissão.
Já não consigo acreditar em nada e em ninguém. As palavras são vãs…
enganadoras… criam ilusões…
É quase como um jogo. Por vezes existe a necessidade de dar um bocadinho para conseguir receber muito, dos crédulos.
Mas nunca se mostra a verdade. Essa fica confinada a um círculo que tem muros muito altos, muito herméticos. Esses círculos também são habitualmente muito restritos. Erguidos segundo convenções sociais, também elas herméticas.
Seja por defesa própria ou por outro motivo qualquer. As pessoas tendem a manipular os sentimentos dos outros em proveito próprio.
Deixou de existir a generosidade simples de dar sem esperar nada em troca. Os afectos são armas de tortura.
Afirmo-o. Aceitando-o como uma inevitabilidade com a qual importa saber viver.
Aceito-o consciente do meu próprio sofrimento e das minhas desilusões. Da minha cobardia por me resignar em vez de lutar.
Trago no peito um enorme vazio, muitas mágoas, mas nenhuns ressentimentos.
Confronto-me comigo mesma, com as minhas próprias falhas. Sem desculpas. Sei dos meus imensos privilégios. Que me permitem atitudes não condicionadas pela necessidade de sobrevivência.
Sei de tudo isso e sei que não quero perder a capacidade de me entregar totalmente e sem reservas.
Mas é tão difícil, quando se percebe que tudo é orquestrado e manipulado. Até os sorrisos. Até os abraços.
Sem alegria.
Silêncio e vazio são tudo o que consigo sentir.

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